Trump é acusado de racismo após mandar congressistas voltarem para seus países

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta uma enxurrada de críticas após declarações consideradas racistas sobre mulheres congressistas do Partido Democrata.

Trump escreveu em sua conta no Twitter neste domingo (14/07) que as mulheres, cujas origens remetem a nações cujos governos, segundo afirma, seriam “os piores, os mais corruptos e ineptos em qualquer parte do mundo”, deveriam voltar a esses países. Segundo o presidente, elas “teimam em dizer à maior e mais poderosa nação do mundo como o nosso governo deve ser administrado”.

“Por que elas não voltam e ajudam a consertar esses lugares totalmente quebrados e infestados de crime de onde vieram? Depois, retornem e nos digam como deve ser feito. Esses lugares precisam muito da ajuda de vocês”, escreveu Trump. Ele ainda acrescentou que a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, “ficaria contente em providenciar rapidamente viagens gratuitas” para as congressistas.

Trump se referiu a “congressistas democratas progressistas”, em aparente referência a um grupo bastante ativo de congressistas jovens estreantes na atual legislatura da Câmara dos Representantes. Entre elas estão Alexandria Ocasio-Cortez, eleita por Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.

O presidente não identificou as congressistas pelo nome, mas outro tuíte de sua autoria, afirmando que as congressistas “odeiam Israel com uma paixão sem limites”, parecem fazer referência a Omar e Tlaib, que recentemente se envolveram em algumas controvérsias relacionadas ao tradicional aliado dos EUA.

Tlaib, nascida em Detroit, é descendente de palestinos. Omar chegou aos EUA como refugiada ainda quando criança, após sua família fugir de conflitos na Somália. Ela é a primeira mulher negra muçulmana a se eleger para o Congresso americano. Ocasio-Cortez, nascida em Nova York, é descendente de porto-riquenhos, e Pressley, de Cincinnati, é a primeira afro-americana a ser eleita por Massachusetts.

O ataque de Trump pode ter sido uma estratégia para dividir os democratas, que debatem internamente sobre de que forma a oposição deve atuar e se o partido deve ou não iniciar procedimentos o impeachment contra o presidente. Mas os insultos presidenciais parecem ter gerado o efeito contrário.

Trump possui um histórico de declarações xenófobas. No ano passado, por exemplo, referiu-se às nações africanas como “países de m…”. Em 2017, após militantes de extrema direita que defendiam a supremacia branca entrarem em confronto com grupos antirracismo, Trump disse que haviam pessoas boas “dos dois lados”. Durante a campanha para as eleições presidenciais de 2016, ele se referiu aos mexicanos como estupradores.

As políticas migratórias de seu governo são frequentemente criticadas por serem discriminatórias, em meio uma série de denúncias de maus-tratos a migrantes nos centros de detenção ao longo da fronteira do país com o México.

Depois de muito insistir, Trump acabou desistindo de seus esforços para incluir, no próximo censo americano, uma pergunta sobre a cidadania dos entrevistados. A medida havia sido alvo de fortes críticas da oposição e de ONGs, que acusaram o presidente de querer manter um registro dos estrangeiros no país, gerando temores em algumas comunidades após uma série de medidas hostis aos migrantes adotadas por Washington. (DW)

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