Medida de Trump que separa pais e filhos imigrantes é cruel

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, disse hoje (21) que o governo federal tem informações sobre a identidade e a localização dos abrigos onde estão as 49 crianças brasileiras que foram separadas dos seus pais quando tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

 

“Temos os contatos de todos os abrigos, sabemos exatamente quem está em cada abrigo. Faremos a comunicação entre essas crianças e suas respectivas famílias para suprir, através do contato, a distância física forçada a que elas foram submetidas”, disse o ministro, após participar de evento no Itamaraty para tratar sobre segurança nas fronteiras. Os consulados também deverão prestar assistência jurídica às famílias detidas para que possam tentar legalizar a situação no país ou retornar ao Brasil.

Nas últimas seis semanas, mais de 2 mil crianças de diversas nacionalidades foram separadas dos pais e levadas para abrigos nos EUA. Desse total, 49 são crianças e adolescentes brasileiros, segundo informou o cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, em entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A separação de famílias que ocorre na fronteira norte-americana com o México é resultado da política de “tolerância zero” adotada pelo governo Donald Trump. Os imigrantes ilegais, mesmo os que procuram asilo, são presos e respondem por crime federal nos EUA.

Críticas
A forte pressão internacional sobre o caso fez com que Trump recuasse da medida de separação de pais e filhos, em decreto assinado nesta quinta-feira. O governo dos EUA continuará detendo imigrantes ilegais na fronteira, mas não vai mais separá-los dos filhos, em caso de crianças e adolescentes, segundo a nova ordem. Aloysio Nunes disse que o governo brasileiro acompanhará a implementação dessa nova medida e criticou a separação familiar.

“Nós vamos continuar acompanhando cada um desses casos e a implementação dessa medida do presidente Trump para reverter isso que nós consideramos uma medida cruel”. Nunes Ferreira disse que o governo brasileiro não quer “politizar excessivamente” este assunto e que tratará do tema em diálogo com o governo norte-americano.
(Pedro Rafael Vilela/EBC)

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