Renúncia de Moro seria atitude mais correta para governo Bolsonaro

Com atuação em xeque, cientista político fala que o mais coerente seria o afastamento. O que, no entanto, não deve acontecer. “Bolsonaro tem defendido criminosos e ditadores
 

O teor das conversas entre o procurador Deltan Dallgnol e o então juiz Sérgio Moro, divulgadas neste domingo (9) pelo site The Intercept Brasil, revelam a existência de um projeto político na Operação Lava Jato. A análise é do cientista político Paulo Niccoli Ramirez. Mais que isso, reforça o interesse de Moro em ascender à esfera pública, contrariando, inclusive, a atuação técnica em que presidente da República, Jair Bolsonaro, busca se afirmar na escolha dos membros de seu mandato.

Diante das denúncias, o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo avalia que, como ministro da pasta de Justiça e Segurança Pública, o “mínimo que se pode esperar como atitude mais correta para o governo Bolsonaro” seria a renúncia de Moro, defende Ramirez em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

“Houve uma intervenção direta no processo democrático, o que é muito perigoso e mostra que Sergio Moro não era um indivíduo neutro e inocente. Ao contrário, ele tinha essa intenção (de atuação política) e alcançou uma das posições mais importantes do governo. Então, a renúncia dele é o mínimo”, afirma Ramirez.

Ainda que as conversas evidenciem a utilização de estratégias de investigação entre Dallagnol e Moro para incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cientista político não acredita que na renúncia. “Assim como Bolsonaro tem defendido criminosos e ditadores, a tendência é que ele proteja sua equipe e, sobretudo, Sergio Moro.”

Isso não impede, no entanto, que a defesa do ex-presidente recorra do julgamento feito sobre o caso tríplex, que configura a prática do lawfare – quando a justiça é usada para objetivos políticos. “A prisão de Lula, portanto, agora se assemelha à prisão de Nelson Mandela, ou até mesmo à visão que se tinha contra Gandhi na Índia”, compara o cientista político.

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