Falta de estratégia do governo impede o Brasil de superar a recessão

A queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre não parece surpreender Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para ele, a política econômica adotada pelos governos de Michel Temer e, agora, de Jair Bolsonaro (PSL), revelam a falta de estratégia adotada até aqui para superar a crise econômica do país, que alia o baixo investimento, com o consumo afetado pelo endividamento das famílias e o desemprego.

“Estamos numa situação em que todas as medidas que têm sido tomadas são, na verdade, ineficientes para provocar a retomada do crescimento”, afirma Belluzzo, em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na edição da tarde do Jornal Brasil Atual, que irá ao ar na edição desta sexta-feira (31), a partir das 17h.

O economista destaca que a taxa de investimento (do governo) está muito baixa, em torno de 15%, enquanto nos anos de 2003 a 2010, ficou em torno de 21%. “Essa é uma das razões fundamentais. E nesse dado está embutida a fraqueza do investimento público.”

Assim como o economista João Sicsú, Beluzzo também avalia que a economia do Brasil entrou em depressão em 2015 e, desde então, vem tentando se recuperar de modo “bastante modesto”. Segundo ele, a diferença entre depressão e recessão, é “sútil e quantitativa”. Explica que o país teve uma queda de 9% do PIB entre os anos de 2015 e 2017, e soma-se a isso as taxas de emprego e subemprego que, juntas, alcançam cerca de 25% da população economicamente ativa. “Não há uma regra insofismável para dizer que foi depressão, mas digo que foi desastroso o desempenho do PIB neste período, e a recuperação muito lenta, quase desprezível.”

“Reforma” da Previdência
Sem medir as palavras, Beluzzo define como “ridículo” o discurso do governo de Bolsonaro de que a “reforma” da Previdência será “a salvação da pátria”. “Se não tiver crescimento, nem de longe se conseguirá recuperar a Previdência.”

O economista concorda que é preciso fazer algum tipo de mudança na Previdência Social, por razões que chama de “estruturais”, o que incluem mudanças no mercado de trabalho e na estrutura do emprego. “Tem que criar um imposto geral, em que todos paguem para que todos tenham um futuro decente”, propõe.

Porém, para ele, ao eleger a “reforma” da Previdência como principal saída da crise, o governo mantem todos os fatores que impedem o crescimento.

 

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